Mel Moura Moreno

Memória é Vida – Presente desenha o Futuro

Salvador Dali, um pintor espanhol, cuja ambição maior era representar o irrepresentável. Trocando em miúdos, traduzir o inconsciente e sua linguagem intensa, anárquica, atemporal, que desconhece lógica e, ele conseguiu com maestria.

A loucura é genial.
A genialidade beira a loucura.  

O fato é que Salvador Dali impôs-se uma meta e conseguiu realizá-la a contento, tanto que sua obra permanece atual, fresca e intensa.

Uma metalinguagem interessante, quando pensamos na atualidade dessa obra de 85 anos.
Pintando relógios distendidos, derretidos, Dali desafia nosso entendimento lógico, racional do mundo físico.
Com maestria, ele ilustra uma das teorias da relatividade de Einstein:

“O tempo se curva sob o impacto da gravidade.
Se o próprio tempo se curva, por que não os relógios?”

Observemos os detalhes e entendamos alguns porquês, viabilizando leituras possíveis:

Relógios derretidos, conta-se que:

“um dia, sentado, no jantar,  diante prato principal, Dali reparou que seu queijo Camembert havia derretido e começava a se espalhar pelas bordas do prato. Essa imagem do queijo derretido foi transposta para os relógios derretidos.
Horas depois, a pintura estava pronta.”

Criatura Bizarra: no plano central da pintura, está a autocaricatura coberta por um relógio derretido.
Os cílios sugerem um grande olho fechado em estado de contemplação, do sono ou da morte, propondo que somente a superação do tempo “cronológico” pode soltar as rédeas da consciência, permitindo ao inconsciente falar, se expressar – através dos sonhos, mensagens codificadas do inconsciente.

Litoral vazio: a casa de Dali em Port Ligat, Barcelona era próxima ao litoral, por isso ele ilumina os penhascos e o mar com uma luz transparente e melancólica, novamente reiterando a linguagem do inconsciente, presente na metáfora dos oceanos.

Formigas e mosca: aparecem atrás do relógio laranja e no derretido à esquerda, por odiá-las estão presentes nessa obra como símbolo de putrefação, haja visto que umas se alimentam do putrefato e outras promovem a disseminação das larvas que o consomem.

O tempo cronológico passa velozmente, porque é o tempo de Kronos, constituindo o olhar de que o passado está findo.
O presente é transitório, por isso merece ser dedicado à construção do futuro presente, para que assim haja a qualificação do tempo que ultrapassa o relógio.
Já, o tempo de Kairós, o tempo da emoção, o tempo da eternidade das ideias, dos sentimentos, dos legados de vida.

A Arte tem o poder de traduzir sonhos, fantasias e pensamentos.
Cabe a cada observador, senti-la profundamente, para entendê-la.

Agora que você sabe um pouco sobre esta obra de arte, o que ela transmite para você? Comente comigo.

Juntos até o TOPO, admirando o espetáculo da VIDA como ARTE.

Atualizado em 16/06/2023

Lidere.

Juntos até o TOPO.

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